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A Música e a Economia no Brasil: Análise de Dados Recentes

"Em 2020, as indústrias criativas representaram 3,11% do PIB brasileiro — mais do que os 2,5% da indústria automobilística."— Fonte: Firjan e IBGE

A música no Brasil, historicamente associada a expressões culturais e identitárias, também configura um setor econômico de considerável relevância. Sua presença se estende dos terreiros tradicionais aos palcos contemporâneos, dos estúdios de gravação às plataformas digitais, refletindo as transformações sociais e tecnológicas do país. Este artigo apresenta dados atualizados com o objetivo de analisar a dimensão econômica da música no Brasil, bem como suas dinâmicas profissionais e digitais.


Perfil dos Músicos no Brasil

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua, IBGE), em 2019 o país registrava aproximadamente 155 mil músicos profissionais. A crise decorrente da pandemia da Covid-19 impactou fortemente o setor cultural, reduzindo esse número para 111 mil em 2021.


Entretanto, a atividade musical no Brasil não se restringe ao mercado formal. Há uma grande quantidade de músicos amadores, independentes e informais atuando em diversos contextos, desde práticas comunitárias até produções caseiras e experimentações digitais. Esse contingente, embora não quantificado de maneira precisa, demonstra a amplitude da prática musical no país.


Dimensão Econômica da Música

Embora por vezes relegada a uma visão simbólica, a música constitui um setor econômico expressivo. Em 2023, o mercado fonográfico brasileiro movimentou R$ 2,86 bilhões, com destaque para o crescimento das receitas provenientes do streaming, segundo a Pro-Música Brasil.


O setor de eventos culturais, no qual os shows desempenham papel central, movimentou R$ 96,7 bilhões entre janeiro e outubro de 2023, conforme dados da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape). Esses números evidenciam a importância da música como vetor de consumo e de dinamização econômica.


Dentro das chamadas indústrias criativas, a música ocupa uma posição significativa. Em 2020, essas indústrias representaram 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, totalizando R$ 230 bilhões. Para fins comparativos, a indústria automobilística respondeu por cerca de 2,5% do PIB no mesmo ano, o que reforça a relevância econômica da produção cultural e criativa. Dessa forma, a atividade musical demonstra capacidade de gerar emprego, renda e inovação tecnológica, consolidando-se como um setor estratégico para o desenvolvimento econômico e social.




Conectividade e a Circulação da Música

A expansão do acesso à internet é um fator crucial para a transformação da indústria musical. Em 2024, 88% da população brasileira com 10 anos ou mais já utilizava a internet, o que corresponde a aproximadamente 187,9 milhões de pessoas, segundo o IBGE. A principal ferramenta de acesso é o telefone celular, elemento central na difusão de conteúdos musicais. Nesse ambiente digital, artistas e produtores encontram novos públicos, formas alternativas de divulgação e estratégias de monetização, reduzindo a dependência de meios tradicionais como rádio e televisão e aos interesses das grandes gravadoras.


Assim, a digitalização da comunicação e da distribuição musical se apresenta como fator estruturante das novas dinâmicas econômicas do setor, ampliando tanto as possibilidades de alcance quanto os desafios relacionados à remuneração e à sustentabilidade das atividades artísticas.


A análise dos dados evidencia que a música desempenha um papel relevante na economia brasileira, não apenas como manifestação cultural, mas também como atividade produtiva. Contudo, é necessário manter uma perspectiva crítica sobre os impactos da mercantilização excessiva da arte, a fim de assegurar condições dignas de trabalho para os profissionais do setor e preservar a diversidade e a qualidade da produção musical brasileira. A contribuição do setor para o PIB, o volume de recursos movimentados e a geração de empregos e oportunidades demonstram a necessidade de se reconhecer a música como um componente fundamental das políticas econômicas e culturais do país.


 

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